Microrganismos eficientes – Uma Mentira ou Uma Solução?

A utilização de microrganismos eficientes (EM’s) tem sido uma prática cada vez mais difundida em diversas áreas, como agricultura, tratamento de resíduos. No entanto, a eficácia real desses microrganismos é alvo de debates, levando-nos a questionar se são uma solução valiosa ou simplesmente uma promessa vazia.

Os microrganismos eficientes referem-se a uma mistura de microrganismos benéficos, incluindo bactérias, fungos e outros organismos microscópicos. A ideia por trás do seu uso é aproveitar as interações positivas entre esses microrganismos e o ambiente, promovendo processos biológicos benéficos.

Segundo Andrade (2020), quatro grupos de microrganismos compõem os EM’s :
• Leveduras (Sacharomyces): utilizam substâncias liberadas pelas raízes das plantas, sintetizam vitaminas e ativam
outros microrganismos eficazes do solo. As substâncias bioativas, tais como hormônios e enzimas produzidas pelas
leveduras, provocam atividade celular até nas raízes.
• Actinomicetos: controlam fungos e bactérias patogênicas e também aumentam a resistência das plantas.
• Bactérias produtoras de ácido lático (Lactobacillus e Pediococcus): produzem ácido lático que controla alguns microrganismos nocivos como o Fusarium. Pela fermentação da matéria orgânica não curtida liberam nutrientes às
plantas.
• Bactérias fotossintéticas: utilizam a energia solar em forma de luz e calor. Também utilizam substâncias excretadas
pelas raízes das plantas na síntese de vitaminas e nutrientes, aminoácidos, ácidos nucleicos, substâncias bioativas
e açúcares, que favorecem o crescimento das plantas. Aumentam as populações de outros microrganismos eficazes, como os fixadores de nitrogênio, os actinomicetos e os fungos micorrízicos.

Com essas premissas, na agricultura, os EM’s são destinados a melhorar a qualidade do solo, promovendo a fertilidade, controlando patógenos e facilitando a absorção de nutrientes pelas plantas. Em sistemas de tratamento de resíduos, eles são empregados para acelerar a decomposição de matéria orgânica, reduzir o odor e criar um ambiente propício para a compostagem.

No entanto, críticos argumentam que a eficácia dos microrganismos eficientes é exagerada e, em alguns casos, questionam sua validade como solução real. Estudos indicam que a variação na composição e concentração dos microrganismos em diferentes formulações comerciais pode afetar significativamente os resultados. Além disso, a adaptabilidade dos EM’s ao ambiente específico pode ser uma incógnita em muitos casos.

Resultados inconsistentes em experimentos agrícolas também foram observados, levantando dúvidas sobre a capacidade dos EM’s de fornecer benefícios consistentes em diferentes condições de solo e cultivo.

Por outro lado, há evidências que apoiam a eficácia dos microorganismos eficientes em diversas aplicações. Em estudos controlados, observou-se um aumento na produção de culturas, melhorias na qualidade do solo e redução na emissão de gases de efeito estufa em áreas onde os EM’s foram aplicados corretamente.

Exemplos de microrganismos eficientes incluem o Lactobacillus, uma bactéria que desempenha um papel fundamental na fermentação de materiais orgânicos. Outros exemplos são diferentes cepas de fungos micorrízicos arbusculares, que têm sido associados à promoção da absorção de nutrientes pelas plantas.

A questão sobre a eficácia dos microrganismos eficientes serem uma mentira ou uma solução ainda carece de uma resposta definitiva. Isso porquê a eficácia desses microrganismos depende de vários fatores, incluindo a formulação específica, as condições ambientais e a aplicação correta. A pesquisa contínua é necessária para aprimorar as práticas de uso dos microrganismos eficientes e determinar seu verdadeiro impacto nas diferentes áreas em que são aplicados.

Nós do Portal dos Biológicos no Brasil em atendimento ao grande público interessado nessa área, abordaremos em 2024 uma série de Posts sobre os EM’s. Falaremos a respeito das misturas utilizadas para aplicação foliar com foco em indução de resistência sistêmica em Plantas e os de controle de insetos potenciais pragas. Abordaremos sobre os ecossistemas microbiológicos desenvolvidos em Bambús para o bioncontrole de fitopatógenos de solos. Falaremos sobre as comunidades de microrganismos solubilizadores de minerais do solo e da própria matéria orgânica. E não deixaremos de falar sobre o famoso Bokashi e sua eficiência ou não em patossistemas agrícolas de produção.

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